sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Amarelonas, tem certeza?


Inacreditável como um time pode dar a volta por cima, como pessoas podem superar-se de um “trauma”, superar-se de críticas e pressões, e como podem derrubar estigmas de “amarelões”.
Inacreditável é fazer de um novo ciclo olímpico, o motivo de continuar respirando, de colocar um objetivo acima de qualquer outro.
Inacreditável é suar todos os dias, de sentir dor, de machucar as mãos, pés, costas, braços, todo o corpo, durante 4 anos.
Inacreditável é suportar derrotas e vitórias sem perder aquele foco inicial.
Inacreditável é depois de tudo conseguir calar a boca de muitos, de fazer-los lembrar de cada palavra dita, de cada sentimento exposto, de fazer-los mudar de idéia, e arrancar das mesmas bocas críticas, elogios.

Elas acreditaram muito, souberam lutar por cada bola, por cada segundo, por cada palavra dita após as olimpíadas de Atenas em 2004. Sim, naquele momento elas haviam perdido de forma terrível, culparam a todas, mas uma delas sofreu mais que todas juntas, seu nome, Mari, hoje a jogadora mais importante desse time.
Zé Roberto, técnico campeão olímpico em 1992, responsável há anos pela seleção feminina de vôlei, estava no comando a 4 anos atrás. Gênio do vôlei, sabe tudo, de táticas e técnicas, mas aos meus olhos sempre pecou em um quesito, este que o outro grande técnico brasileiro Bernardinho tem até demais, vibração.
O comandante aprendeu, mudou, continua o mesmo gênio (ou até mais), mas agora tem também a vibração tão necessária ao lado da quadra, pula e grita nos pontos, lógico que ninguém se compara ao (as vezes até teatral demais) Bernardinho, mas tornou-se importante, incentivando muito seu time.
Hoje, dia 23 de agosto a seleção “amarelona” venceu os EUA, por 3x1, e assim conquistou sua primeira medalha de ouro em olimpíadas, e como elas mereceram, uma por uma...
Mari, que tanto sofreu nos últimos anos, ganhou até o rotulo de amarelona, hoje em seu aniversário teve a redenção, em sua nova posição, simplesmente foi a melhor atacante (em termos de importância) da seleção em Pequim, que ponteira, que vibração, que determinação, que raça!
Fofão, levantadora reserva durante a vida toda, agora no final de sua carreira teve a oportunidade de mostrar tudo que aprendeu, comandou como ninguém essa seleção, levantou o Brasil para o ouro em Pequim.
Paula Pequeno e Sheilla, incrível atacantes, em meio de tanta força e talento, sobra espaço para os gritos de incentivo e momentos de extrema vibração, alavancam todas a cada ponto.
Que time, que união, o que dizer da pequena libero brasileira, Fabi, que raça, não existe bola perdida para ela pequena estrela brasileira. E de Fabiana e Walewska, implacáveis bloqueadoras e pontuadoras brasileiras, coitadas das americanas que dividiram a rede com elas.
Essa seleção é tão vitoriosa quanto à seleção masculina, porém sempre viveu as sobras dos homens, justamente pela falta da medalha dourada, agora não falta mais. Elas também são as melhores do mundo.
O Brasil é o maior de todos no voleibol. Somos os melhores do mundo, tanto na quadra como na areia, e ainda dizem por ai que somos o país do futebol, que eles continuem pensando assim, melhor para nós...

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