
Este foi o último final de semana antes dos Jogos Olímpicos de Pequim e para os felizardos assinantes da TV paga, tiveram a oportunidade de deliciar-se com um monte de programas olímpicos. Estava de folga e passei o domingo todo vendo programas olímpicos, desde filmes oficiais, até programas nacionais e internacionais, estava para todos os gostos.
Dentro das dezenas de programas que assisti durante o final de semana (aproveitando a tão esperada chuva) houve dois em particular que me chamaram muito a atenção. Um deles era um programa chamado Escândalos Olímpicos – Doping e o outro foi uma matéria dentro do Esporte Espetacular com André Domingos, medalhista de Prata em Sidney 2000 com o revezamento 4x100m.
André Domingos era foco de uma matéria do Esporte Espetacular que de cara mostrava seu principal argumento, o Tempo (já que o atleta esta em final de carreira). André estava tentando uma vaga no revezamento que estará em Pequim e a globo foi “transmitir” a última chance desse ícone do esporte nacional.
Com falas emocionantes e imagens (muito bem editadas) com a trilha sonora do Pink Floyd, foi quase impossível segurar as lágrimas, foi realmente emocionante. E foi justamente o tempo que o deixou de fora, foram 20 centésimos de segundo que deixaram o veterano fora de Pequim.
Após o revés André anuncia sua aposentadoria, a data já esta marcada, será ano que vem após o campeonato mundial de 2009.
O outro programa já não tinha um tema tão comovente, tão puro quanto o coração desse corredor brasileiro. Escândalos Olímpicos, Doping, era o nome do programa e nele já dava para perceber que o tema seria denso.
Uma produção internacional que passou no Sportv, onde mostrava os absurdos do doping na Alemanha Oriental nos anos 70.
A Alemanha Oriental era governada por um regime comunista que visava mostrar ao mundo sua superioridade (principalmente com respeito a sua vizinha Alemanha Ocidental). Um dos melhores campos de batalha era as piscinas, quadras, raias, todas as arenas esportivas.
Mas os comunistas alemães não podiam correr riscos, necessitavam e desejavam a vitória a qualquer custo. Para isso criaram um programa de doping, para isso foram recrutados os melhores médicos, cientistas, técnicos e atletas, estes sem saber onde estavam entrando.
Os militares junto de sua “equipe médica” desenvolveram diversos compostos químicos que visavam a melhora de performance, sem (claro) que os atletas fossem pegos nos exames antidoping.
A dopagem era sistemática e toda controlada, cada atleta (independente do esporte) era “cadastrado” com um número e em uma planilha eram anotados todas as drogas tomadas e a evolução do atleta.
O mais impressionante foi a entrevista de uma campeã olímpica (dias de hoje) que conta como eram tratadas na época que treinavam. Contaram que no início de sua carreira, treinava muito e sempre ficava exausta. Um certo dia, os técnicos começaram a dar a elas (equipe de natação) pílulas de pois dos treinos, não podia-se perguntar o que era, muito menos recusar-se.
Com uma lavagem cerebral, inocência e medo de punições, todas as atletas tomavam os “suplementos” esportivos. Com o tempo foram percebendo mudanças nos resultados, mas para essas meninas (na época a campeã que é entrevistada tinha apenas 15 anos) tudo era natural, parte do treino.
Mas com o passar do tempo os efeitos colaterais dos esteróides e dos hormônios masculinos começaram a aparecer, pelos por todo corpo, a voz ficou mais grossa, barba, queda de cabelo, crescimento desproporcional das mãos, pés e do maxilar deixaram aquelas meninas parecidas com homens.
Hoje essas meninas cresceram e todas têm problemas graves de saúde, como problemas hepáticos ou renais, problemas nas articulações e ossos, e câncer. Outro problema comum é a depressão e a aparência delas. Todas com traços muito masculinos, para resumir, são mulheres com corpos de homens.
Um caso extremo de uma lançadora de peso que foi tão abusada na questão do doping que virou um homem. Hoje, ela virou ele, após de uma operação para trocar de sexo.
Na China esta previsto que sejam flagrados pelo menos 45 casos, já que na última olimpíada foram registrados 15 casos com a metade dos exames que estão prometidos para Pequim. Nesta edição dos Jogos serão realizados 4.500 testes.
Mas o que me deixou indignado foi que em Montreal 1976 e Moscou 1980 nenhuma nadadora, ou outra atleta da Alemanha Oriental foi pega no doping, por que eles tinham desenvolvido drogas que não podiam ser flagradas na época, e isso não pode ser feito hoje?
EUA e China são líderes mundiais nos esportes, na economia e são também líderes em tecnologia, que travam uma guerra silenciosa, não poderiam utilizar manobras parecidas com as do passado?
Outra preocupação que me surgiu e tenho que assumir que é bem paranóica, é quanto à falta de liberdade de expressão e de noticias na china, afinal se houverem casos de doping na equipe chinesa, será que os laboratórios chineses (são laboratórios do país vermelho que realizarão os testes) vão denunciá-los ou não? Afinal que vai saber...
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