quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Novos talentos? Onde? Alguém viu?


O Brasil indiscutivelmente sempre teve espaço no mundo dos esportes, sejam eles olímpicos ou não, sempre houve alguém que representou bem o país. Mas não vemos isso de forma constante em todos os esportes ou em todos os eventos.
Com a matéria feita anteriormente, sobre a aposentadoria de Guga, levantou-se a questão sobre a descoberta e gestão de novos talentos no Brasil e agora tenho o desafio de dissertar sobre tal questão.
No Brasil nunca se visou o trabalho duro, ou melhor, sempre se procurou o caminho mais fácil, o caminho do talento individual ou do fenômeno esportivo. Não existe ainda em muitos esportes a cultura de buscar, selecionar e gerenciar novos valores, novos atletas, simplesmente por que isso dá trabalho.
Percebe-se isso até mesmo no futebol, esporte que sobrevive devido à quantidade de meninos que logo quando crianças pegam uma bola ao invés de um livro. É o caminho mais rápido para o sucesso e melhorias de vida. Mas vemos que mesmo no futebol, não existe uma visão de investimento no jogador, vide Ronaldo, o fenômeno do futebol, era apenas um menino franzinho quando deixou o Brasil.
Foi lá fora que Ronaldo se tornou o maior jogador do mundo, com treinamento, gestão de sua carreira e imagem, entre outras. Com Kaká, Ronaldinho Gaúcho e com todos os “moleques” que deixaram o Brasil mal falando o português aconteceu a mesma coisa.
Tudo bem! Podemos pensar, o futebol é farto, é rico de matéria-prima humana, mas e nos outros esportes, é assim? A resposta chega logo à mente. Então o que se deve fazer?
O brasileiro ainda esta criando novos ídolos em esportes “incomuns” aos olhos dos apaixonados tupiniquins que até então tinham olhos apenas para o futebol. Essas mudanças eu acredito que sejam por conta de choques causados por conquistas.
Medalhas! Medalhas olímpicas, geralmente de ouro, chamam muito a atenção da população brasileira e através desses resultados se interessam pelo esporte vencedor. Foi assim com o vôlei e com o judô.
As medalhas junto de gestões responsáveis e honestas começam a criar um ciclo de renovação no esporte. Talvez tenhamos encontrado o X da questão. Resultados + Gestão responsável = renovação de talentos.
Veja o que aconteceu no vôlei nacional, após a conquista da medalha de prata em Los Angeles (1984) e com o ouro anos depois em Barcelona (1992), criou-se uma escola brasileira de vôlei. Escola no sentido de forma de treinar, ensinar e gerenciar o esporte. Com certeza a CBV (confederação brasileira de vôlei) encontrou a forma exemplar de levar o esporte de forma responsável, descobrindo sempre novos talentos. Mas como é possível?
Investimentos, profissionais competentes e vontade de fazer acontecer.
Mas o grande problema é que essas mudanças acontecem de forma lenta, justamente por que necessitam de apoio, patrocínios e incentivos, que quase nunca partem do governo. Basta ver que o governo retirou verbas que eram para o esporte a 2 anos.
Outro problema grave são as gestões das confederações dos esportes, que em geral são pífias e desonestas, desviando dinheiro e afastando investimentos, deixando o esporte “pobre” de atletas e com certeza sem a esperada renovação.
Pode-se perceber nitidamente isso no Basquete, depois que Oscar e companhia se aposentaram, o Brasil nunca mais foi a uma olimpíada.
Essa é a grande diferença do Brasil com respeito aos outros países. O governo investe no esporte, as empresas investem nos esportes e não precisamos ir muito longe, na própria Argentina, pode-se ver espalhadas pela cidade, quadras poli-esportivas e clubes onde pode-se praticar diversos esportes, em sua maioria, financiados pelo governo.
Sempre quando escuto perguntas do gênero: Por que lá fora os atletas são tão fortes, tão rápidos, tão imbatíveis? Respondo com outras perguntas: Eles respiram um ar diferente do nosso? Os ossos e músculos são diferentes? Conclusão: Não, obvio que não, a diferença é que eles se utilizam dessa gestão de talentos ha muito mais tempo que nós.
O esporte faz parte do cotidiano deles (países). Veja que nos filmes sempre vemos o destaque social que os atletas americanos têm dentro das universidades ou até mesmo depois. É positivo ser atleta lá fora, as faculdades querem atletas (abrindo oportunidades profissionais pós-esporte) e dessa forma cria-se todo um sistema para que esse ciclo não se rompa. Ou você acreditava que era mera coincidência que os EUA sempre estão em alguma final olímpica, ou melhor, sendo campeões gerais à varias olimpíadas seguidas?
O esporte nacional ainda engatinha por que está “quebrado” em vários pedaços, onde rixas e vaidades, onde a desonestidade são mais fortes que a vontade de fazer as coisas da forma correta.
Enquanto não olharmos para nossas crianças, para o futuro, sempre viveremos de “estrelas cadentes” e fenômenos esporádicos, como Guga, Oscar, Diego Hipólito, entre outras tantas estrelas que este país teve e deixou com que se apagassem.

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