quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Jesse Owens


Berlim, ano de 1936, surge uma lenda olímpica.
A Alemanha estava preparando o maior evento da história das olimpíadas até aquele momento, tudo para mostrar ao mundo a supremacia ariana e a supremacia de seu país.
Adolf Hitler era o maestro de tudo, comandava, organizava e assistia a maioria das competições, mostrando ter fé em sua filosofia. O clima era forte, pesado e ofegante.
O que o Führer não esperava era ser desafiado e contestado dentro de seu próprio país, e ironicamente foi o que aconteceu. Um norte americano colocou em prova toda sua crença e filosofia ariana, mostrando que não poderiam existir diferenças na vida e no esporte.
Seu nome era Jesse Owens, nascido no estado do Alabama em 1913. Vindo de uma família humilde, plantava algodão junto de seu pai e de seus outros 10 irmãos. Quando jovem a família toda se mudou para Cleveland, Ohio, onde pela primeira vez teve contato com o atletismo.
Aos 18 anos Owens chegou à marca incrível de 10s03 nos 100 metros rasos, que lhe garantiu uma bolsa de estudos na faculdade do estado.
Owens chegou às olimpíadas de Hitler com diversos títulos e recordes, mas suas conquistas seriam potencializadas durante os jogos.
Owens simplesmente deixou todo o mundo de pé, venceu incrivelmente as provas dos 100m e 200m e para o terror do comandante alemão ainda venceria a prova dos 4x100m e a prova do salto em distância.
A prova do Salto foi marcada por um duelo entre Owens e o alemão Luz Long. Long era o melhor saltador da Europa e estava com a prova em suas mãos.
Owens tinha queimado suas 2 primeiras tentativas de três possíveis para poder se classificar para a final. Owens era o detentor do recorde mundial, de 8m e 16 cm, mas estava lutando para passar dos 7m 15 cm.
Long, em um momento de serenidade em meio de toda a loucura da competição sugeriu que Owens mudasse sua aproximação para o salto. Foi o que ele fez e conseguiu superar os 7m 15 cm classificando para a final contra o alemão.
Ambos travaram uma disputa incrível, salto a salto, centímetro a centímetro, mas a supremacia física e o talento do americano falaram mais alto, com um salto de 8m 03cm Owens ficou com o ouro sobre o alemão, que o aplaudiu e cumprimentou humildemente (Ambos seguiram bons amigos ao longo de suas vidas, até a morte de Owens).
Para Hitler outra vitória de um negro em seu país era ultrajante e diante das câmeras se retirou do estádio, consagrando ainda mais os feitos de Owens.
Jesse Owens ficou mundialmente conhecido com suas vitorias incríveis nas olimpíadas de Berlim, mas não era um reflexo de sua nação. Na Alemanha nazista, os negros, judeus e outras raças eram perseguidos abertamente, mas nos Estados Unidos acontecia o mesmo, mas de forma não declarada.
No século passado milhares de negros foram espancados até a morte, linchados, expulsos e proibidos de seus direitos. Segregação total. O estado do Alabama, terra natal do herói americano era um dos estados americanos que mais sofriam com o racismo.
Até hoje podemos ver em filmes e seriados as denúncias contra o preconceito e as discriminações raciais nos EUA.
Na realidade não existia muita diferença no racismo de Hitler e dos americanos. A hipocrisia americana era impressionante, tanto que Owens voltou das olimpíadas e terminou sua faculdade, mas trabalhava como frentista e vendedor de selos para alimentar sua família. Mostrando como os americanos tratavam seus “heróis” olímpicos.
Owens morreu com 66 anos, por conta de um câncer nos pulmões.


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