quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Quem são?


Quem são eles? Aqueles homens e mulheres que ficam por de trás de um atleta, incentivando, ensinando, cobrando, ajudando? Que se recusam na maioria das vezes em comemorar as vitórias, mas estão sempre junto nas derrotas?
Eles são mestres, professores, técnicos, treinadores ou simplesmente nossos fieis parceiros.
Cada um tem seu jeito, uns são carrancudos e bravos, outros são doces e amigáveis, mas todos têm uma coisa em comum: buscar o melhor de si.
Já tive a oportunidade de conhecer alguns mestres e com certeza tenho que falar um pouco sobre eles, sem nomes, mas com muitas memórias e agradecimentos.
Quando tinha 12 anos fui pela primeira vez na raia olímpica da USP, lá encontrei uma pessoa que tinha um sorriso fácil, daqueles que você encontra no rosto do seu tio preferido. Ele não só me ensinou a remar, ele me ensinou a amar o esporte.
Treinamos juntos por alguns anos. Buscava-me em casa e me levava treinar bem cedinho, no horário que a cidade ainda esta dormindo. Preparou-me, física e mentalmente para tudo aquilo que ainda estaria por vir.
Nossa última competição foi um sul-americano no Peru em 2001. O bronze, para nós teve gosto de vitória.
A partir de 2002 passaria a treinar diretamente com o Head Coach (técnico líder) do clube e este me levaria até o limite. Entre muitas desavenças pude aprender as coisas mais importantes na construção de uma pessoa, na construção do caráter.
No ano de 2004, pude passar e dividir muitas experiências com ele. Treinamos muito, brigamos muito, lutamos muito e conquistamos o país juntos. Mas o principal resultado disso tudo, foi que aprendi as ser “gente”.
Desenvolvi meu caráter, honestidade, espírito de luta, de nunca desistir ou fugir das dificuldades, aprendi naquelas águas a ser humano.
Mas a convivência de anos foi muito complicada, a fase de amadurecimento tanto como atleta, como pessoa causou desavenças, mas antes de sair do clube e me afastar conheceria outro técnico que marcaria minha vida, que até aquele momento era “apenas” um grande amigo.
Lembro-me como se fosse hoje aquela noite que sentamos em frente da garagem. Tinha acabado de treinar e estava exausto, estava com os sentimentos confusos e a flor da pele, e logo vieram às lágrimas. Lágrimas de injustiça, tristeza, raiva e revolta.
Tapa nas costas? Não senhor, palavras fortes, duras que ao mesmo tempo em que doíam, confortavam e curavam minhas feridas de forma eficiente.
Naquele dia sabia que poderia sempre contar com este novo, porém espetacular técnico que hoje, após alguns anos, me treina todos os dias para voltar a ser um campeão.
Pergunto mais uma vez. Quem são eles? Aqueles homens e mulheres que ficam por de trás de um atleta, incentivando, ensinando, cobrando, ajudando? Que se recusam na maioria das vezes em comemorar as vitórias, mas estão sempre junto nas derrotas?
Eles são nossos guias que abdicam tanto das suas vidas como nós. Amam e odeiam o esporte tanto quanto nós. Vão sempre até o final, mas nem sempre são lembrados.
Já ouvi muito dizer por ai que o treinador é responsável por até 25% e o resto é com o atleta. Acho essa afirmação a mais ignorante do mundo, afinal de contas, o atleta nada seria sem seu fiel treinador. O talento? É de ambos. A força? É de ambos. Mesmo nos esportes mais solitários, atleta e treinador são uma equipe, a melhor equipe.
Sempre que verem aquele cara, de boné, cronômetro na mão, podem ter certeza que ele esta procurando o seu melhor, não por ganância ou por méritos pessoais, mas por que ele pode ver todo seu potencial, basta você acreditar também.

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